Shavuot, chamada de Pentecostes, é a festa do tempo, literalmente quer dizer semanas. Refere-se ao espaço de tempo das 7 semanas, contados a partir da páscoa judaica, o Pessach. Estas duas junto com Sucot, Cabanas, são festivais chamados de "regalim"= caminhadas1 , nas quais se peregrinava até o Beit Hamidash = Casa Sagrada em Jerusalém. É tempo de ir ao Templo, destacar2 o sagrado do cotidiano. Esta unidade espaço temporal é análoga ao ensinamento da física moderna que demonstra a intrínseca unidade espaço-tempo. Assim, embora siga linearmente o calendário da contagem semanal, é preciso lembrar que os Tempos e os Espaços místicos são Outros, unos entre si e distintos da racionalidade habitual que os dissocia. Desse modo, por exemplo, a tradição mística judaica conta que a Torá já estava escrita antes da própria criação, sendo só posteriormente outorgada ao povo judeu por ocasião de Shavuot.
Shavuot sintetiza dois tempos, enquanto tempo terreno agrícola como Yom Habicurim, Dia da Colheita, co-incide com as primícias da colheita, espiritualmente levadas ao Templo Sagrado. Lembremos que a Torá , como canta a liturgia, é chamada de Árvore da Vida. Shavuot enquanto tempo espiritual se materializa na entrega da Torá , literalmente "Matan Torá". A eternidade da Torá, partícipe da própria criação do universo, se pontualiza neste dia, tal como a grande restrição Divina do Tzim-Tzum para criação do mundo.
Após a libertação da escravidão contam3 7 semanas, 7 x 7 = 49 dias, que se chama Sefirat HáOmer, até o recebimento, ou seja a Cabalá da Torá, que será o Guia da travessia do deserto rumo a Terra Prometida. Este tempo-espaço entre a libertação da escravidão e o recebimento da Torá , representa uma preparação, um processo de amadurecimento. É a diferença entre se liberar e ser livre, a primeira tem a importância de se referir a se libertar de algo ou alguém, corresponde a uma atitude reativa, da negação da negação, do direito a dizer não, excluir, já ser livre implica em escolher numa atitude proativa que implica no direito de dizer sim, de acatar. Só livre pode o povo eleger a Torá, tal como conta tradição que a Torá foi oferecida a outros povos mas foi o povo judeu que a aceitou para cumprir-lhe os mandamentos, daí melhor compreendermos a significacão do povo eleito4 como povo eleitor, o que elegeu seguir os preceitos da Torá .
O caminho da transcendência corresponde a um processo maturacional5 e é uma das principais temáticas judaicas, aparecendo de várias maneiras, tais como na criação do mundo em 7 dias, no episódio da Árvore do Conhecimento comida antes do tempo6, no casamento prematurado de David com Betsabá, nas orações7 de espera e purificação, como o Mikvê, as ritualizações do Kasher e nas prescrições sobre as primícias do campo.
Também pode ser verificado no recebimento da Torá , pois este se dá em 4 tempos, como se fossem quatro sendo ao mesmo tempo uma única: a primeira Torá é dada na Explosão Oral Divina, insuportável aos ouvidos8 dos israelitas, a segunda que foi quebrada por Moisés no episódio do bezerro de ouro9 , a terceira recebida por Moisés e guardada na arca da Aliança e a quarta escrita-oral, espaço-tempo, transmitida de geração em geração, que é a que conhecemos. Estes 4 tempos correspondem ao ensinamento cabalístico sobre a existência dos 4 mundos: o Mundo da Emanação ( Atzilut), da Criação ( Briá ), da Formação (Yetzirá) e Realização (Assiá) e os 4 elementos Fogo, Água, Ar e Terra.
O poema sapiencial Qohélet, Eclesiastes, literalmente quer dizer " O que sabe " diz que para tudo, seu momento, e tempo para todo o evento, sob o céu. Tempo de plantar e tempo de colher. Shavuot é festa da contagem paradoxal do tempo, na junção da eternidade onde reina a unidade do tempo de plantar e de colher. É tempo de caminhada e de chegada, de ascenção, da junção do espiritual com o material, de saborear as primícias dos frutos da Árvore da Vida renovadores e sonhar com a terra prometida, a Jerusalém Celestial e a salvação Messiânica, quando cohabitará a paz entre os seres vivos, ressuscitados em santidade. Colhemos aquilo que plantamos. Primeiramente limpamos e aramos a santa terra, como nosso corpo, para então colocarmos a semente, como na estória do pé de feijão mágico. Há de se haver descido para poder se ascender.
Mesmo que tudo isto seja um sonho, quando não é solitário passa a ser chamado de realidade. Por isso fazemos as assembléias dos Sonhos em Shavuot. Sonhar e contar com línguas de fogo. Além de sonhar e contar vamos interpretar, pois um sonho não interpretado como diz a tradição é uma carta que não foi aberta. Vamos começar nos apropriando agora do primeiro sonho bíblico que é o de Jacó10 e interpretarmos juntos o seu sentido e utilizarmos do instrumento místico que nos ensina que é a Escada de Jacob, na escalada concreta do caminho espiritual.
1. As peregrinações, colocar o pé malkutiano na estrada, fazem parte de outras culturas que cultuam o crescimento espiritual como processo maturacional no caminho da transcedência. Assim, por exemplo, os sufis e o próprio Islam tem na ida a Meca, uma de suas 5 regras básicas, o Caminho de Santiago de Compostela para os cristão, da mesma forma que nós aqui no nosso Shavuoton, peregrinamos para um retiro, sacralizando este lugar e este momento.
2. Que é o sentido da palavra Kadosh= sagrado como distinguir, destacar do comum .
3. O Sefer Yetzirá ensina sobre as contas, os contos e a contação.
4. Assim como o povo israelita foi eleito para guardar e seguir a Torá , o muçulmano o foi para o Al-Corão, o cristão para os Evangelhos, o Hindu para o Bagawaghita, etc.
5. O processo maturacional é constitutivo do ser humano em sua imaturidade essencial e natureza prematura.
6. Kafka disse que o homem perdeu o paraíso por causa de sua pressa e para êle não retorna em função da sua preguiça.
7. Canta o salmista "Espera pelo Senhor e tem bom ânimo" Sl 27:14
8. Analogamente a narrativa cabalista sobre a criação do mundo através das sefirot , os vasos da Árvore da Vida, que teriam se partido, a Schevirá, não suportando a primeira emanação da Divina Luz Infinita, o Ayn Sof Aor.
9. O dia 17 de Tamuz jejua-se diurnamente para relembrar a quebra das Tábuas.
10. Jacó soube interpretar corretamente transmitindo este dom a seu filho José, que bem antes de Freud, já interpretava os sonhos.
Fonte: CJB
universo sefaradi
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terça-feira, 7 de junho de 2011
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Jeruslém, a eterna
Jerusalém, O Muro das Lamentações e o Domo de Ouro ao Fundo |
Se a História fosse distinta, certamente seria motivo de orgulho para tantos que se dizem amantes de Jerusalém, constatar o quanto ela é tão importante.para tantos. Mas não, os tempos de não paz, transformam o amar Jerusalém em questão de direito internacional, em questão de poder e posse.
"Façamos de conta que nada disso conta" e aceitemos com gratidão o fato de que ela existe, como é , para nós e para tantos outros que também a amam.
Mas hoje, mais do que nunca, permitamo-nos falar do nosso amor por ela- Yerushalaim Ir Hakodesh- Cidade Sagrada. A cidade-capital-sinônimo de amor a toda Israel, pois quando a ela nos referimos, o fazemos também, lembrando o nome de uma das montanhas que a circunda- Yerushalaim Harim Saviv La - e dentre estas montanhas que a circundam, destacamos Sion.
Jerusalém vista do Monte das Oliveiras |
No exílio, no primeiro, na Babilônia, vemos o salmista descrever com tanta beleza e paixão o pacto de fé e amor de todo um povo com sua amada capital: " Se eu esquecer de tí oh! Jerusalém(...)".
No segundo e ainda hoje, oramos voltados para Jerusalém. Na tão querida Sefarad, passamos a denominar Toledo, Yerushalaim de Sefarad, não importa se por amarmos tanto a Jerusalém, ou por orgulho de ser sefaradis e ousar comparar Toledo de España com Yerushalaim de Sion
Toledo na Esoanha - a Jerusalém de Sefarad |
Sim que há muitos porques para nos alegrar e festejar- mas não sei se perceberam como falamos tanto deste amor, sem necessitar falar de posse e de direito...
Certos estavam nossos cabalistas, quando ao verem que Jerusalém era apenas ruínas tantas vezes violentada, abstraíram-se do material, distanciaram-se no tempo e no espaço, para cunhar, baseados em sua fé, o termo Yerushalaim Shel Mala - a Jerusalém de Cima, aquela Jerusalém que está num nível superior, ao qual só lograremos alcançar - e isso é possível a qualquer momento- quando e se fizermos jus
domingo, 22 de maio de 2011
Lag Ba´omer: às voltas com Bar Iochai e o esplendor da memória - Elias Salgado
Não será esta, a primeira vez que relato sobre o profundo impacto que Ribi Shimon Bar Iochai causa em mim - não sei se já escreví - que estas são as primeiars palavras de que me recordo ter ouvido de meu pai. Tenho certeza que sim.
Imagino que a maioria de vocês saiba da relação existente entre Lag Ba´omer e aquele grande sábio cabalista a quem a tradição atribui a autoria da maior de todas as obras da Cabala -a mística judaica, o Sefer HaZohar - o Livro do Esplendor, sobre o qual muito se fala e pouquíssimo se sabe, e eu sou mais um. E como muitos que não vão à fonte e não conhecem a obra, fico com o autor e com o que ele representa em minha identidade.
É deveras interessante o processo no qual se dá meu conhecimento acerca do sábio Shimon Bar Iochai.Numa primeira fase, eu sabia seu nome e não o conhecia. Numa segunda, fui apresentado a sua biografia e a pouquíssimo de sua obra, mas havia momentaneamente me esquecido do que ele significava para mim, para "los nuestros" e para minha família, em particular.
Somente, na idade adulta, quando voltei meu interesse, quase que totalmente, à memória familiar e judaico amazônica de origem sefaradi marroquina, é que ele me veio novamente à tona - e desta feita quase que por inteiro: agora sei o que significavam aquelas primeiras palavras apreendidas no seio da família, em particular, meu pai, que o evocava :"meu Ribi ShimonBar Iochai", em situações drásticas ou de eurofia.
Perdoem-me a intimidade: "pau pra toda obra" aquele Bar Iochai de meu pai...
Em minha adolescência passada em Israel, o elemento tradicional e nacional de Lag Ba´omer - o chag que evoca a revolta contra os romanos e o estudo da Torá, bem como os pequeniques nos bosques reflorestados do KKL; as encantadoras fogueiras e as mágicas noites de roda de música e dança- era o orgulho nacional em seu esplendor( zohar).
Mais recentemente,com o interesse voltado às raízes familiares e ao estudo da origem sefaradí-marroquina, eis que me ressurge Shimon Bar Iochai na forma de Hilulot, seja nas diversas comunidades da Diáspora Sefaradita, seja nas multidões de peregrinos que visitam seu túmulo em Israel, no lugarejo de Meron. Entre os mais tradicionais e apegados, não há um que não possua uma foto dele em alguma parede da sua casa.
O Zohar, de autoria de Rebi Shimon Bar Iochai |
Imagino que a maioria de vocês saiba da relação existente entre Lag Ba´omer e aquele grande sábio cabalista a quem a tradição atribui a autoria da maior de todas as obras da Cabala -a mística judaica, o Sefer HaZohar - o Livro do Esplendor, sobre o qual muito se fala e pouquíssimo se sabe, e eu sou mais um. E como muitos que não vão à fonte e não conhecem a obra, fico com o autor e com o que ele representa em minha identidade.
É deveras interessante o processo no qual se dá meu conhecimento acerca do sábio Shimon Bar Iochai.Numa primeira fase, eu sabia seu nome e não o conhecia. Numa segunda, fui apresentado a sua biografia e a pouquíssimo de sua obra, mas havia momentaneamente me esquecido do que ele significava para mim, para "los nuestros" e para minha família, em particular.
Somente, na idade adulta, quando voltei meu interesse, quase que totalmente, à memória familiar e judaico amazônica de origem sefaradi marroquina, é que ele me veio novamente à tona - e desta feita quase que por inteiro: agora sei o que significavam aquelas primeiras palavras apreendidas no seio da família, em particular, meu pai, que o evocava :"meu Ribi ShimonBar Iochai", em situações drásticas ou de eurofia.
Perdoem-me a intimidade: "pau pra toda obra" aquele Bar Iochai de meu pai...
Em minha adolescência passada em Israel, o elemento tradicional e nacional de Lag Ba´omer - o chag que evoca a revolta contra os romanos e o estudo da Torá, bem como os pequeniques nos bosques reflorestados do KKL; as encantadoras fogueiras e as mágicas noites de roda de música e dança- era o orgulho nacional em seu esplendor( zohar).
Mais recentemente,com o interesse voltado às raízes familiares e ao estudo da origem sefaradí-marroquina, eis que me ressurge Shimon Bar Iochai na forma de Hilulot, seja nas diversas comunidades da Diáspora Sefaradita, seja nas multidões de peregrinos que visitam seu túmulo em Israel, no lugarejo de Meron. Entre os mais tradicionais e apegados, não há um que não possua uma foto dele em alguma parede da sua casa.
domingo, 8 de maio de 2011
Yom Haatzmaut: o fim da travessia? – Elias Salgado
Quis o destino, que o desenrolar da História do povo judeu tivesse a seguinte sequência de fatos: em Pessach se rememora onde e como tudo começou para esta nação – no exílio do Egito, onde eram escravos e de onde foram libertados, para surgirem como povo após o nascimento de uma nova geração de homens livres que liderará o povo em sua entrada na Terra Prometida à Avraham.- a Terra de Israel.
Em sua terra, como homens livres e independentes, construíram uma História de glorias e tragédias, até que a maior de todas as tragédias, a destruição do Templo Sagrado de Jerusalém e a conseqüente dispersão, levou o povo novamente ao exílio numa diáspora de dois milênios.
Novamente, intercalando momentos de glória, perseguições e tragédias, como a Inquisição e a Expulsão de Espanha, até que a maior de todas elas, a Shoá, levou 6 milhões dos nossos ao extermínio, num genocídio sem precedentes. Seria o fim trágico desta travessia histórica?
Não, longe disso; mais uma vez o Povo de Israel se levantou e juntando seus “pedaços”,os sobreviventes da tragédia nazista, agora transformados em refugiados se recompôs: parte deles dirigiu-se ao Novo Mundo, onde reconstruiu sua existência, formando novas comunidades e fortalecendo o povo na diáspora.
A outra parte tomou a resolução de empreender a continuação da eterna “travessia’, rumando para o futuro, ao dirigir-se ao passado, à origem – o oriente, onde tudo começou e lá retomou sua história reconquistando a independência perdida e fundado o moderno Estado de Israel.
Declaração de Indepedência do Estado de Israel |
Passados 63 anos, a nação reconstruída baseada na ética de seus profetas, mostra ao mundo todo o seu vigor, tornando-se um país modelar na área social, científica, tecnológica, cultural e um raro exemplo de democracia, para o mundo e para seus vizinhos.
Teria finalmente chegado a seu destino histórico, seria este o fim da travessia?
A resposta é não; a paz tão imensamente alentada está longe de chegar, ao contrário de uma visão concreta, vem tornando-se dia-a-dia numa miragem apenas.
Seria este o destino? Não sou determinista, apesar do ceticismo atual- não dá para ser pragmático nesta questão,sem no mínimo sê-lo- como entendo que existam “n” possibilidades para a paz, não vejo por que falar em destino e sim acreditar que chegaremos a outra margem da História, a um porto razoavelmente seguro
"Terra à vista" : fim da "travessia"? |
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Yom Hashoá - Elias Salgado
O fim de uma viagem não significa, necessariamente o fim de todas as viagens. Esta não é apenas uma (talvez bela) frase de efeito, ela pode ser o mote de uma razão de ser e viver.
E sem dúvida alguma é o do povo judeu.
Os famigerados trilhos da foto acima, que levaram trens abarrotados de milhões dos nossos irmãos às câmaras de gás, também "viajaram" em sentido inverso - e a tragédia que significou um fim de viagem para 6 milhões de nós, gostem ou não, acreditem ou não alguns, jamais se repetirá - o trem de nossa História nunca mais correrá em direção ao fim da viagem, E SIM NOS LEVARÁ SEMPRE, DORAVANTE, A UM DESTINO SEM FIM
E sem dúvida alguma é o do povo judeu.
Os famigerados trilhos da foto acima, que levaram trens abarrotados de milhões dos nossos irmãos às câmaras de gás, também "viajaram" em sentido inverso - e a tragédia que significou um fim de viagem para 6 milhões de nós, gostem ou não, acreditem ou não alguns, jamais se repetirá - o trem de nossa História nunca mais correrá em direção ao fim da viagem, E SIM NOS LEVARÁ SEMPRE, DORAVANTE, A UM DESTINO SEM FIM
segunda-feira, 25 de abril de 2011
As rotas do amor judaico cristão - Juan Manuel Valladares
Padre José de Anchieta: seria ele de origem judaica também? |
He tenido la ocasión de leer recientemente en estas páginas un trabajo sobre la discutida personalidad de Cristóbal Colón. No es mi parcela de trabajo dar nueva aclaración sobre su figura, pero si es mi creencia, que si pudiera alguna vez demostrarse su procedencia del pueblo judío, cosa que yo en mi humildad sigo dudando con poca firmeza, no sería jamás este el obstáculo para su ascenso en la escala del santoral cristiano. Otra cosa sería que el momento sea inoportuno y hasta lo haya sido en siglos pasados, pero nunca vinculado a su condición racial o religiosa. Más sería un no reconocimiento de la labor de España en América, o una sesgada opinión sobre la presencia colonizadora de esta nación.
José de Anchieta
Y en ello estaba cuando salió a mi primer plano la figura de un ilustre canario, jesuita, evangelizador, fundador de ciudades y por encima de todas sus prendas, ser conocido como El Apóstol del Brasil. Y pretendo con más que atrevimiento hablarles del Beato José de Anchieta.
La génesis del personaje José de Anchieta contiene en su devenir un buen conglomerado de circunstancias sobre las que en su momento sí hubiera sido imposible implementar un santo católico.
Primer obstáculo salvado: La naturaleza familiar de su padre, Juan de Anchieta, hijo natural de otro Juan de Anchieta y de una conocida María Martínez Ezquerrategui. Habrá que tener en cuenta cuando hablemos del proceder religioso de José de Anchieta, el que su abuelo Juan estará en la familia de Martín García de Anchieta, esposo de Urtayzaga de Loyola. Ignacio de Loyola fundará la Compañía de Jesús. Y José de Anchieta como veremos será jesuita.
Este Juan de Anchieta, el hijo natural, primero de su familia en Canarias, vino a Tenerife acompañando a su pariente Francisco Alzola en 1.520. Y se plantea un segundo obstáculo, salvado o no “percibido” en el momento, ni tan siquiera para la inserción de José en la carrera eclesiástica. Juan de Anchieta se casa en San Cristóbal de La Laguna, en Tenerife, con Mencía Díaz de Clavijo, hija de Sebastián de Llerena y María Martín de Castillejos. Del judaísmo de Sebastián de Llerena nadie tiene dudas. No vamos a abundar
en su filiación como hijo y nieto de los penitenciados por la Inquisición, González Bermejo. Pero hay una curiosidad más en la vida social de Mencía. ¿Si aceptamos su judaísmo solo por descendencia de Sebastián, como entenderemos que se casó en primeras nupcias con el judío sevillano Nuño Núñez, sin descendencia con éste.
Casa Anchieta, San Cristóbal de La Laguna. Tenerife, Espanha |
Y hoy creo que será bueno dejar para otro comentario, las filiaciones de los Alarcón, Cabrera, Márquez, que se irán casando con los Anchieta en Canarias. Solo comentar que en las “limpiezas de sangre” obligadas a presentar en 1.584, en Tenerife ante el Santo Tribunal figuraran los Anchieta y los Núñez. Y además se les acusa de falsarios. Los Anchieta que casaron con los Márquez no usaron el apellido Márquez, porque como comenta el profesor Luis Alberto Anaya, fueron acusados de usar, seda, caballo y
armas, siendo los Márquez, judíos.
Ergo…. Anchieta, Llerena, Alarcón, Márquez, serán una prueba de amor judeoconverso. Ó judeocristiano, según el juez.
Hoy José de Anchieta es el Beato José de Anchieta, Apóstol del Brasil, fundador de Sao Paulo, estudioso de las lenguas aborígenes de Brasil. Español, Canario y lagunero… Y nieto de Sebastián de Llerena… el abuelo judío.
Cristóbal Colon, judío o no, también tendrá su momento.
domingo, 10 de abril de 2011
Pessach Sameach
Amigos leitores .
O Amazônia Judaica, mais uma vez inova e promete que este Pessach, será especial para o judaísmo brasileiro, por duas grandes e boas razões: o lançamento da 1ª Hagadá de Rito Sefaradi Marroquino, elaborada pelo chazan e diretor do AJ, David Salgado,
Hagada Shel Pessach de Rito Sefaradi Marroquino |
e a segunda: a nova edição de Pessach da Revista Amazônia Judaica, que já está circulando, cheia de belas e interessantes novidades. Vale a pena conferir! Torne-se já um "Amigo do AJ", assinando a revista e adquirindo a Hagadá Shel Pessach o pelo site: http://www.amazoniajudaica.org/
Edição de Pessach da revista Amazônia Judaica |
domingo, 20 de março de 2011
Rota Sefaradi -Excursão a Sefarad e Portugal
SEFARAD E PORTUGAL – 12 dias/ 9 noites – Saída 19/06/2011
PROGRAMA DETALHADO
Dia 1 - 19/6/11 Rio de Janeiro
Viagem do Rio de Janeiro para Madrid pela Ibéria vôo IB6024
Dia 2 – 20/6/11 Madrid e Segovia
Iniciaremos nossa visita com um passeio panorâmico em Madrid, iremos a Praça Maior, a principal praça de Madrid, a Praça de Orienta, Praça Espanha, Estação de Trem Atocha e continuaremos em direção a cidade de Segovia. Em Segovia visitaremos o Aquaduto famoso da cidade, e continuaremos para o Bairro Judeu, veremos o Centro Didático e nos encontraremos com a Diretora do local que nos falará sobre as atividades educacionais daquele lugar. Visitaremos a Igreja Corpus Cristi que era no passado o maior Beit Hakenesset de Segovia e depois conheceremos Alcazar, o Palácio Real da Espanha.
Jantar e hospedagem em Segovia – Hotel Los Arcos ou similar
Dia 3 – 21/6/11 – Segovia e Toledo
Após o café da manhã, viajaremos para a cidade de Toledo, a Jerusalém que havia em Sefarad. Visitaremos o Bairro Judaico, a Sinagoga que homenageia Shemuel Levy Abulafia e hoje denominada el Transito e o Museu Sefaradi alí localizado. Visitaremos também a Sinagoga Even Shoshan, hoje Santa Maria La Blanca e conheceremos o Sokodobar – a praça do Mercado.
Jantar e hospedagem em Toledo – Hotel Alfonso IV ou similar
Dia 4 – 22/6/11 – Behar - Hervas
Após o café da manhã, viajaremos a cidade de Bahar cujos nomes de famílias como Behar, Bazer, Baharno, são originários desta cidade. Conheremos o Bairro Judaico e o Museu de nome David Melul, onde encontraremos o Diretor do Museu que nos falará e contará sobre as atividades do mesmo. Continuaremos em direção a cidade de Herbas, uma pequena cidade localizada as margens do Rio Ambaros com um passado judaico e presença de Anussim. Faremos um passeio com musica judaica sefaradita dentro do Bairro judeu da cidade.
Jantar e hospedagem em Hervas – Hotel Sinagoga ou similar
Dia 5 – 23/6/11 – Hervas – Caceres – Castelo de Vide
Após o café da manhã, viajaremos para a cidade de Caceres, cidade com características da Idade Média mas bem preservada da Europa. Nela, visitaremos o Bairro Judeu dentro e fora das muralhas, veremos uma maquete da cidade velha e a praça principal. Depois continuaremos viagem para Castello de Vida onde conheceremos o Bairro Judeu e seus habitantes descendentes dos Anussim de Portugal, que apresenvam costumes judaico do passado longinquo. Visitaremos a Sinagoga e o Museus judaico que mostra a vida dos judeus que viviam em Castello De Vida e os lugares para onde se espalharam. Nos encontraremos com o ex-prefeito da cidade que é descendente de judeus que sofreram com a Inquisição e foram convertidos à força.
Jantar e hospedagem em Castelo de Vide – Hotel Sol e Serra ou similar
Dia 6 – 24/6/11 – Castello de Vida – Monsanto – Belmonte
Após o café da manhã, viajaremos em direção ao vilarejo de nome Monsanto com cerca de 1200 habitantes e depois seguiremos para Belmonte. Belmonte ficou famosa no mundo judaico principalmente após a descoberta do Engenheiro Shwartz, que chegou ao lugar por volta dos anos 20 e descobriu os descendentes de Anussim daquela pequena cidade. Participaremos do Kabalat Shabat junto com a comunidade local de Belmonte
Jantar e Hospedagem em Belmonte - Hotel Belsol ou similar
Dia 7 25/6/11 – Belmonte
Pela manhã participaremos da Tefilát Shacharit na Sinagoga de Belmonte. Depois do Kidush, visitaremos o Museu judaico. A tarde descanso e Oneg Shabat na Sinagoga. Havdalá e depois atividades para todos com o Rabino da comunidade de Belmonte – Elisha Salas.
Jantar e Hospedagem em Belmonte - Hotel Belsol ou similar
Dia 8 – 26/6/11 – Belmonte – Trancoso – Guarda
Após o café da manhã, seguiremos para a cidade de Trancoso, cidade murada com passado judaico impressionante. Visitaremos o túmulo do Bandara, compositor e sapeteiro, que suas músicas profetizaram o sofrimento durante a Inquisição. Conheceremos o antigo Bairro judeu de Trancoso e descobriremos os sinais gravados nas pedras que comprovam a presença judaica na cidade. De Trancoso seguiremos para Guarda, o vilarejo mais alto em Portugal e conheceremos os sinais místicos gravados em pedras no antigo Bairro judeu do lugar.
Jantar e Hospedagem em Guarda – Hotel Lusitania Parque ou similar
Dia 9 – 27/6/11 Guarda – Porto
Após o café da manhã, seguiremos para a cidade do Porto. Visitaremos o porto pitoresco repleto de lagares famosos onde se fabricam o Vinho do Porto. Visitaremos a Sinagoga “Makor Chaim”, uma verdadeira Catedral do judaismo no Norte de Portugal construida por Capitão Barros Basto, também conhecido como o Dreyfus Português, e descobriremos porque este título ao conhecer o pequeno Museu que conta a história de sua vida. Conversaremos com o presidente da pequena comunidade judaica aí existente, que nos contara sobre as atividades que estão sendo feitas para aproximar os Bnei Anussim ao judaismo.
Jantar e Hospedagem na cidade do Porto – Hotel Melia Gaia Porto ou similar
Dia 10 – 28/6/11 Porto – Coimbra – Lisboa
Após o café da manhã, iniciaremos a descida pela orla marítima do país. Viajaremos via Aveiros, que está sobre os canais de água e lagoas de sal. Continuaremos depois até a cidade de Coimbra. Segunda capital de Portugal, nesta cidade está a Antiga Universidade de Coimbra, entre as mais importantes da Europa e depois chegaremos até Lisboa. Participaremos de um Show de Fado na cidade de Lisboa.
Jantar e Hospedagem em Lisboa – Hotel Olissipo Marques de Sá ou similar
Dia 11 – 29/6/11 Lisboa
Após o café da manhã, iniciaremos nossa visita a Lisboa, capital portuguesa. Um passeio panorâmico pela cidade, começando pelo Palácio Santo Jorge, depois uma visão panorâmica da cidade. Visitaremos o Convento Ironimus, na Andarta do Descobridor do Mundo e a Torre Balan. Continuaremos e visitaremos o Bairro judeu e a Sinagoga “Shaarei Tikva”. Depois então já estará na hora de ir ao aeroporto para retornarmos a Madrid atravês do vôo IB 3105 da Ibéira com previsão de partida para as 20:45h
Dia12 – 30/6/11 – Rio de Janeiro
Viagem de Madrid para o Rio de Janeiro no vôo IB6849 com previsão de chegada ao Rio de Janeiro por volta das 07:05h
O preço inclui:
- Todos os vôos internacionais descritos no programa
- Taxas de embarque em todas as escalas
- 9 noites de hospedagem em hotéis de primeiro nível turístico
- Meia pensão (café da manhã e jantar). Duas refeições kasher em Belmonte no Shabat. Possibilidade de solicitar peixes com escamas envolto em papel laminado e assado na brasa para os jantares.
- Excursão em ônibus de luxo com ar condicionado.
- Entrada aos lugares para visita de acordo com o programa.
- Guia local onde necessário.
- Guia israelense especialista em judaismo espanhol e português falando português ou espanhol.
- Gorjetas
O preço não inclui:
- Extras pessoais.
- Entradas ou refeições não mencionadas no roteiro.
- Seguro Saúde de viagem – pode ser feito através do escritório da Geographical Tours.
- Acréscimos para apartamento single
Preço da Excursão de acordo com o número de participantes
15 participantes ................... U$ 3590,00 por pessoa em apto. duplo
20 participantes ................... U$ 3365,00 por pessoa em apto. duplo
25 participantes.................... U$ 3240,00 por pessoa em apto. duplo
Forma de pagamento – até três vezes em cartão de crédito internacional.
As inscrições são feitas diretamente com a empresa israelense Geographical Tours –
Informações e Inscrições:
Informações e reservas
GeoTours - Leah Netzer:
Fax: 972 3 6244333
Informações apenas:
Amazônia Judaica – David e Elias Salgado
e-mail: portal200anos@gmail.com
tel: 21 22255618 ou 21 91310253 com Elias
tel: 972 525634934 ou 972 2 6256239 com David
domingo, 6 de março de 2011
Os reis de Espanha e Shimon Pares comemoram 25º aniversário das relações Israel-Espanha inaugurando nova sede da Casa de Sefarad-Israel
El acto, que coincide con el 25 aniversario del establecimiento de las relaciones diplomáticas entre España e Israel, contó también con la presencia de la Ministra de Asuntos Exteriores y de Cooperación, Trinidad Jiménez; el Vicepresidente de la Comunidad de Madrid, Ignacio González; el Alcalde de Madrid, Alberto Ruiz Gallardón, así como el ex Presidente del Gobierno, Felipe González.
sábado, 5 de março de 2011
Casa de Sefarad lança livro sobre os judeus da América Latina
DÍA 15. Los judíos de América Latina en la presentación de un libro. El 15 de marzo a las 19,30 h tendrá lugar la presentación de “Pertenencia y alteridad. Judíos de América Latina: cuarenta años de cambio”. La prestigiosa Iberoamericana Editorial Vervuert ha publicado recientemente este volumen integrado por más de treinta ensayos relativos a los procesos de cambio que han transformado durante los últimos cuarenta años la vida y la cultura de los judíos en América Latina. Haim Avni, Judit Bokser Liwerant, Sergio DellaPergola, Margalit Bejarano, Leonardo Senkman, son algunos de los ensayistas españoles, americanos e israelíes que participan en esta iniciativa editorial. Klaus Dieter Vervuert, director de la Editorial , acompañará a los autores Carlos Malamoud y Sara Glasstein. Sede Casa Sefarad-Israel (c/Mayor, 69).
quarta-feira, 2 de março de 2011
Ele o guru e eu o guri - Minha história com Moacyr Scliar z´l - Elias Salgado
Moacyr Scliar : 23/03/1937 - 27/02/2011 |
Os meus amigos mais próximos, já estão cansados de saber de meus “pecados protoliterários”, q. é como denomino, tomado pelo temor, minhas pretensões de escritor, meus pequenos vôos pelos céus sem limites da fantasia literária.
Todo pretenso escritor tem seu guru, o meu mais próximo, desde longa data, foi Moacyr Scliar z´l.
Começou esta relação, como começam todas entre o leitor e o seu autor. Não que Moacyr tenha sido o único –confesso minha infidelidade humana - acontece que mesmo não sendo tricolor doente, sou levado a concordar com o velho bruxo, Nelson Rodrigues, que afirmava algo mais ou menos assim: há apenas 3 ou 4 livros (autores) importantes para cada um de nós, cabe apenas relê-los sempre.
Com Moacyr foi assim. Na fase de leitor, como muitos, comecei pela Guerra do Bom Fim e O Exército de um homem só, segui pelo Ciclo das águas, passei pelo O centauro no jardim e daí não parei mais, chegando por último ao Manual da paixão Solitária.
Neste último, ele “pegou pesado” comigo, pois sem saber, escolheu como tema a vida de Tamar de Judá, o mesmo personagem bíblico que sempre me encantou- encanto que me fez dar nome a uma de minhas filhas.
Personagem, passível de controvérsia nos meios mais conservadores, e tão bem compreendido por ele e por Thomas Mann, em sua tetralogia José e seus irmãos, onde Mann apresenta uma Tamar esplendorosa, dona de si e de suas escolhas. E a de Scliar é exatamente assim, só que com um delicioso e magistral tom satírico , uma das fortes marcas de sua obra.
Como o conheci pessoalmente, sim porque eu o conheci e muito bem, é um outro longo pedaço desta mesma história.
Tudo começou nos anos 90, ao pesquisar e escrever um trabalho sobre judeus no Brasil, para a Universidade Hebraica de Jerusalém que se propunha ser um programa de estudos do tema nas escolas – o primeiro de seu gênero- optei por utilizar como uma das ferramentas didáticas e pedagógicas de apoio, a literatura de autores judeus brasileiros.
Meu cânone e orientação, veio da grande amiga Regina Igel, da Universidade de Maryland, especialista em literatura judaica brasileira, autora do clássico Imigrantes Judeus, escritores brasileiros.
Este meu trabalho leva o título de História e Identidade, a experiência dos judeus no Brasil, inédito até hoje como livro, mas que possui um prefácio elogioso e generoso, escrito por meu guru – a primeira de várias lembranças carinhosas e encorajadoras que ele me deixou.
O primeiro de inúmeros encontros pessoais aconteceu em 1998, quando atendeu ao meu convite, para uma palestra aos alunos do colégio A. Liessin Scholem Aleichem e daí não paramos mais- eu de convidá-lo e ele de aceitar os convites,alíás, justiça seja feita: nunca soube que ele tenha negado algum a alguém...
Em 2003, numa palestra no colégio TTH-Barilan, nos reencontramos e ao final do evento,levei-o, caminhando, até o hotel onde estava hospedado, e aproveitamos para colocar nossa conversa em dia. A certa altura ele me revelou, o que pouquíssimos sabiam no país naquele momento:
“ Tu sabes, guri, que me convidaram para fazer parte da Academia? Na verdade eles estão querendo se retratar com o Rio Grande, já que não colocaram lá o Mário Quintana...”
Se isso não é humildade, o que seria então, esta tal coisa?
Alguns poderiam pensar que talvez duas coisas me passaram pela cabeça: a primeira, que eu estava feliz por ele e muito por mim,pois acabava de ganhar um amigo imortal. A segunda, que me apossou um sentimento pouco nobre, e pensei:” acabo de perder um amigo...”
Mas minha história com Moacyr ainda continuou, e para mim é tão imortal quanto ele.
Em 2006, assumi a diretoria cultural do CCMA- Centro Cultural Mordechai Anilevitch. Em 23 de março de 2007, dia de seu aniversário, na Festa de Pessach, Moacyr e Judith, sua esposa, festejaram conosco, em nossa sede seus 70 anos.( veja em :http://www.youtube.com/watch?v=tXR7F9rRvBg
No ano seguinte, Moacyr aceitou mais um de meus diversos convites – na minha opinião o maior de todos – dar seu apoio como patrono ao Concurso de Literatura do CCMA, cujo prêmio leva seu nome – Prêmio Moacyr Scliar.
Nos encontramos pela última vez em 2009, durante as gravações de uma entrevista televisiva na sede da Academia Brasileira de Letras, que organizamos para divulgar o III Prêmio Moacyr Scliar. Participando das gravações estava também um dos grandes ícones da crítica literária, e uma das maiores conhecedoras da obra de Moacyr, Bella Jozef z´l, PhD em literatura e presidente do júri do concurso.
Tenho em meus arquivos as imagens, ainda não tive coragem de assisti-las novamente. No momento me bastam as memórias vivas como elas estão e sempre estarão.
E pensar que há um tempo atrás, ouvi de uma grande amiga do setor editorial, quando falávamos de um projeto meu para um livro de contos, e eu dizia orgulhoso: “ o prefácio quem vai escrever é o Moacyr Scliar” e minha amiga respondeu: “ para os editores, o Moacyr já não é um chamariz, eles acham que ele está virando “ arroz de festa”...
Que mundo é este afinal, onde a autêntica generosidade já não sacia mais a gula desmedida deste mercado hipócrita?
Moacyr passou desta para uma melhor, certamente sem ter ouvido tal barbaridade, mas lá onde ele está agora, no verdadeiro Pantheon do Gênios Generosos, já deve ter ligado seu computador e iniciado mais uma obra, que à sua maneira e como sempre, cala verdadeiramente, para quem quiser, toda esta mediocridade que aí está...
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Refugiados da Shoah em terras de Sefarad* - Rachel Mizrahi**
Aristides de Souza Mendes consul de Poerugal em Bordéus,França. Concedeu cerca de 10.000 "vistos de transito" a refugiados judeus. |
A tomada do poder pelo partido nazista na Alemanha, permitindo a partir de
germânicos se mobilizassem. Embora grande número tenha buscado terras
do Oriente Médio, inclusive a ancestral Eretz Israel, parte, na crença de que
a política discriminatória não fosse duradoura, retardou sair da terra que
durante séculos foi local de abrigo e moradia.
Iniciado o aniquilamento em massa, restava aos judeus que ainda se
mantinham na Alemanha e nos países conquistados, escapar. Multiplicaramse
as rotas de fuga e as bases de apoio que garantiam o trânsito seguro aos
que pretendiam encontrar refúgio além Atlântico. Na Europa, foram raros os
países que concordaram em servir de trampolim para a salvação de
refugiados que não dispunham de garantias econômicas para arcar com os
gastos de sobrevivência em continente tumultuado pela guerra. Diante das
dificuldades impostas por vários países da América à emissão de vistos de
entrada aos refugiados judeus, a falsificação de documentos, de passaportes,
das “cartas de chamada”, de atestados de batismo cristão e a compra de
vistos, tornaram-se comuns.
Declarando-se neutros, Portugal e Espanha foram países procurados por
grande número de refugiados judeus, especialmente os que comprovassem
origem ibérica. A antiga Sefarad transformara-se na guerra, em terra dos
refugiados da Shoah. Diplomatas espanhóis da Turquia, Grécia, Iugoslávia e
Bulgária foram procurados por sefaraditas, em busca da salvação. Pudemos
*Trabalho apresentado no VII CONFARAD – Congresso Sefaradi -Rio de Janeiro - 2010
**Pesquisadora dra. do Arquivo Virtual sobre o Holocausto do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância e Racismo da Universidade de Paulo
verificar este interesse pelos depoimentos, registrados pelo Arquivo
Histórico Judaico Brasileiro/São Paulo. Moisés de Castro Nahum, por
exemplo, natural de Scopie atual, República da Macedônia que, em 1947,
refugiou-se no Brasil. Quando os nazistas instalaram-se na Grécia a família
que aguardava a deportação, foi libertada. David Navarro, também preso,
conseguiu que o embaixador espanhol solicitasse às autoridades alemãs a
saída dos detidos sefaraditas. Assim libertos, os irmãos Navarro, em
Marselha, ajudavam no encaminhamento de refugiados judeus ao atual
Estado de Israel.
Em 1940, conquistada Paris por tropas alemãs, milhares de refugiados
buscaram ao sul, a cidade de Bordéus, ainda não alcançada pelas tropas
nazistas. Entre os refugiados encontravam-se políticos, aristocratas,
diplomatas e intelectuais judeus, em busca dos “vistos de trânsito”,
conseguidos pelo humanista português, cônsul Aristides de Sousa Mendes
que conseguiu que quase 10.000 refugiados chegassem a Portugal, via
terrestre. Hoje, o Instituto israelense Yad Vashen considera Souza Mendes
um dos “Justos entre as Nações”.
Em Portugal, Oliveira Salazar, ainda que fascista, não adotara o
antissemitismo como bandeira, permitindo que famílias judias se
instalassem em Portugal. Em conveniente “política de fronteiras”, Portugal
transformara-se em “país de trânsito”, permitindo a entrada temporária de
refugiados, mas impedindo aos que não pudessem retornar ao país de
origem, como era o caso dos judeus alemães.
A presença de refugiados levou a que entidades filantrópicas e de lideres
comunitários se preocupassem em apressar a emissão de vistos de entrada a
países da América ou mesmo às terras do Oriente Médio. Além da ajuda da
JOINT (American Jewish Commitee) e da Cruz Vermelha Portuguesa, não
podemos deixar de mencionar a benemerência do rabino Mendel Wolf
Diesendruck que, anos depois se instalou no Brasil2. Diplomado em
Filosofia pela Academia Rabínica Austríaca, estabelecido em Portugal desde
1940, Diesendruck, voluntário da Jewish Agency for Palestine, auxiliava
sobreviventes e refugiados judeus à espera do visto de entrada em países da
América.
____________________
2 Diesendruck foi por muitos anos rabino aos sefaraditas da sinagoga da rua da
Abolição, hoje Ohel Yaacov.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Rede das Judiarias de Portugal vai ser constituída em Fevereiro
A Rede das Judiarias de Portugal vai ser constituída em fevereiro, ficando sediada em Belmonte, disse à agência Lusa, Jorge Patrão, presidente da Entidade Regional de Turismo da Serra da Estrela.
A rede vai juntar os centros históricos de vários municípios numa associação sem fins lucrativos para defender o patrimônio judaico urbanístico e arquitetônico, disse aquele responsável, um dos dinamizadores da iniciativa. Pretende-se ainda definir programas culturais e turísticos com base na herança judaica.
Os membros fundadores, já confirmados, serão as entidades regionais de Turismo da Serra da Estrela, Douro, Oeste, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, os municípios de Belmonte, Guarda, Trancoso, Lamego, Penamacor, Freixo de Espada-à-Cinta e Castelo de Vide e a comunidade judaica de Belmonte. Outras entidades estão ultimando os respectivos processos” para aderirem à nova estrutura, adiantou Jorge Patrão. A rede terá sede em Belmonte, onde reside uma das mais antigas comunidades judaicas do mundo, que sobreviveu à inquisição.
O presidente da Entidade Regional de Turismo da Serra da Estrela considerou que a rede será uma ferramenta útil para “muitos centros históricos que estão desmantelados e precisam de recuperação".
A requalificação será conseguida “através de programas específicos da União Europeia: uma candidatura com uma temática, como o judaísmo, tem mais força do que recuperar só por recuperar”, destacou.
Por outro lado, “a rede permitirá ter uma nova aposta no setor turístico, tal como na Serra da Estrela, o judaísmo tem representado um crescimento do número de turistas complementar ao mercado da neve”, assinalou Jorge Patrão.
No entanto, o envolvimento de operadores turísticos será remetido para mais tarde.
Para já, os membros fundadores da rede ultimam os estatutos e preparam-se para a escritura pública a ter lugar em data a definir no mês de fevereiro.
“Penso que vamos conseguir ter uma associação sólida, à semelhança da que já existe em Espanha”, disse Jorge Patrão.
Amândio Melo, presidente da Câmara de Belmonte, manifestou-se satisfeito com a idéia, alertando, no entanto, que “não pode ser um simples movimento associativo. É necessário que os associados tenham uma tradição judaica para que a rede seja genuína”.
Belmonte espera que 2011 seja o ano da construção de um hotel kosher, de tradição judaica, um projeto privado que está sendo apreciado pelo município, disse à agência Lusa o presidente da autarquia, Amândio Melo.
Em Belmonde reside uma das comunidades judaicas mais antigas do mundo, hoje com 140 pessoas. Os antepassados sobreviveram à Inquisição, celebrando o cristianismo em público e preservando o culto judaico em casa, escondido e ensinado pelas mães de geração em geração. Foi assim até a década de 1970. Hoje existe em Belmonte uma sinagoga que chega a juntar 50 judeus nas tradicionais rezas de cada sábado, e tem ainda, de portas abertas, um museu judaico. Os dois espaços são visitados por cerca de 15 mil pessoas todos os anos, desde turistas estrangeiros a alunos de escolas de norte a sul do Portugal.
"Cerca de 40% dos visitantes estão de alguma forma ligados à tradição judaica", sublinha Amândio Melo, presidente da Câmara de Belmonte, vila que vai ser sede da Rede de Judiarias de Portugal, a constituir-se em fevereiro Não espanta por isso que se anseie por ver no terreno pelo menos o projeco (já revelado por empresários ao município) de construção de um hotel kosher. "Cada vez mais somos visitados por pessoas que acham que isto lhes diz respeito e, por isso, precisamos de alojamento e oferta de alimentação adequada", destaca Amândio Melo. A Câmara já recebeu dois Projetos "para recuperação de edifícios para fazer pequenos hotéis, e há pelo menos um em fase avançada", que se debate agora com a captação de capitais.
França retira o antissemita Céline das comemorações nacionais deste ano - artigo de Vargas Llosa discute o tema
''A literatura não é edificante''
O Nobel de 2010 discute a decisão do governo francês de suspender as homenagens oficiais a Louis-Ferdinand Céline, que morreu há 50 anos, por conta de sua militância antissemita
MARIO VARGAS LLOSA - O Estado de S.Paulo
Oministro da Cultura da França, Frédéric Mitterrand, comunicou que o governo francês resolveu tirar da lista das comemorações nacionais deste ano o escritor Louis-Ferdinand Céline, morto há 50 anos. Com isso, ele cede a um pedido da associação de filhos de deportados judeus e de várias organizações humanitárias que protestaram contra o projeto inicial de render homenagem oficial a Céline, tendo em conta seus violentos panfletos antissemitas e sua colaboração com os nazistas durante a ocupação hitleriana da França.
Politicamente falando, Céline foi, de fato, uma escória. Eu li nos anos 60 sua diatribe Bagatelles pour Un Massacre e senti náuseas ante esse vômito enlouquecido de ódio, injúrias e propósitos homicidas contra os judeus, um verdadeiro monumento ao preconceito, ao racismo, à crueldade e à estupidez. O doutor Auguste Destouches - Céline era um pseudônimo - não se contentou em despejar seu antissemitismo em panfletos virulentos. Parece provado que, durante os anos da ocupação alemã, ele denunciou à Gestapo famílias judias que estavam escondidas ou dissimuladas sob nomes falsos para que fossem deportadas. É seguro que se, por ocasião da libertação, ele houvesse sido capturado, teria sido condenado a muitos anos de prisão ou à morte e executado como Robert Brasillach. Salvou-o ter se refugiado na Holanda, onde passou alguns meses na prisão. A Holanda se negou a extraditá-lo alegando que, na França exaltada da liberação, era difícil que Céline recebesse um julgamento imparcial.
Dito isso, é preciso dizer também que Céline foi um extraordinário escritor, seguramente o mais importante romancista francês do século 20 depois de Proust, e que, com a exceção de Em Busca do Tempo Perdido e A Condição Humana de Malraux, não existe na narrativa moderna em língua francesa nada que se assemelhe em originalidade, força expressiva e riqueza criadora às obras-primas de Céline, Viagem ao Fim da Noite (1932) e Morte a Crédito (1936).
Considerando que a genialidade artística não é um atenuante contra o racismo - eu a consideraria antes um agravante -, a meu juízo, a decisão do governo francês envia à opinião pública uma mensagem perigosamente equivocada sobre a literatura e cria um péssimo precedente. Sua decisão parece supor que, para ser reconhecido como um bom escritor, é preciso escrever também obras boas e, em última instância, ser um bom cidadão e uma boa pessoa. A verdade é que se o critério fosse esse, apenas um punhado de polígrafos se qualificaria.
Entre eles há alguns que correspondem a esse padrão benigno, mas a imensa maioria padece das mesmas misérias, taras e barbaridades que o comum dos seres humanos. Somente na rubrica do antissemitismo - o preconceito racial ou religioso contra os judeus - a lista é tão extensa que seria preciso excluir do reconhecimento público uma multidão de grandes poetas, dramaturgos e narradores, entre os quais figuram Shakespeare, Quevedo, Balzac, Pio Baroja, T.S. Eliot, Claudel, Ezra Pound, E.M. Cioran, e muitíssimos mais.
O fato de que essas e outras eminências fossem racistas não legitima o racismo, em primeiro lugar, e é antes uma prova contundente de que o talento literário pode coexistir com a cegueira, a imbecilidade e os extravios políticos, cívicos e morais, como o afirmou, de maneira impecável, Albert Camus. Como se explicaria de outro modo que um dos filósofos mais eminentes da era moderna, Heidegger, fosse nazista e nunca se arrependesse seriamente pois morreu com sua carteirinha de militante nacional-socialista em dia? Embora nem sempre seja fácil, é preciso aceitar que a água e o azeite são coisas distintas e podem conviver numa mesma pessoa. As mesmas paixões sombrias e destrutivas que animaram Céline desde a atroz experiências que foi para ele a 1.ª Guerra Mundial, lhe permitiam representar, em dois romances fora de série, o mundinho feroz da mediocridade, do ressentimento, da inveja, dos complexos, a sordidez de um vasto setor social que abarcava desde o lúmpen até as camadas mais degradadas em seus níveis de vida das classes médias de seu tempo.
Nessas farsas grandiosas, a vulgaridade e os exageros rabelaisianos se alternam com um humor corrosivo, um deslumbrante fogo de artifício linguístico e uma surpreendente tristeza.
O mundo de Céline é feito de pobreza, fracasso, desilusão, mentiras, traições, baixezas, mas também de disparate, extravagância, aventura, rebeldia, insolência e todo ele difunde uma avassaladora humanidade.
Ainda que o leitor esteja absolutamente convencido de que a vida não é só isso - é o meu caso - os romances de Céline são tão prodigiosamente concebidos que é impossível, lendo-os, não admitir que a vida também seja isso. O grande mérito desse escritor maldito foi ter conseguido demonstrar que o mundo em que vivemos também é essa porcaria e que era possível converter o horror sórdido em beleza literária.
A literatura não é edificante, ela não mostra a vida como ela deveria ser. Ela antes, mais amiúde, ilumina em suas expressões mais audaciosas, com suas imagens, fantasias e símbolos, aspectos que, por uma questão de tato, bom, gosto, higiene moral ou saúde histórica, tratamos de escamotear da vida que levamos. Uma importante filiação de escritores dedicou sua tarefa criativa a desenterrar esses demônios, a defrontar-nos com eles, e a nos fazer descobrir que eles se parecem conosco. (O marquês de Sade foi um desses terríveis desenterradores).
É preciso celebrar os romances de Céline como o que eles são: grandes criações que enriqueceram a literatura de nosso tempo e, muito especialmente, a língua francesa, dando legitimidade estética a uma fala popular, saborosa, vulgar, pirotécnica, que estava totalmente ausente da cidadania literária. E, claro, como escreveu Bernard-Henri Lévy, aproveitar a ocasião do meio século da morte desse escritor "para começar a entender a obscura e monstruosa relação que pôde existir... entre o gênio e a infâmia".
Ao mesmo tempo que folheava na imprensa o ocorrido na França com o cinquentenário de Céline, li em El País (Madri, 23 de janeiro de 2011) um artigo de Borja Hermoso intitulado La Reabilitación de Roman Polanski. Com efeito, o grande cineasta polonês-francês é, agora, uma espécie de herói da liberdade, depois que uma espetacular campanha midiática, na qual grandes artistas, atores, escritores e diretores, advogaram por ele, conseguiu que a justiça suíça se negasse a extraditá-lo para os Estados Unidos. Isso foi celebrado como uma vitória contra a terrível injustiça da qual, pelo visto, ele havia sido vítima por parte dos juízes americanos, que se empenhavam em julgá-lo por esta bagatela: ter atraído com enganos, em Hollywood, para uma casa vazia, uma garota de treze anos à qual primeiro drogou e depois sodomizou. Pobre cineasta! Em que pese seu enorme talento, os abusivos tribunais americanos queriam castigá-lo por essa travessura. Ele, porém, fugiu para Paris. Menos mal que um país como a França, onde se respeitam a cultura e o talento, ofereceu-lhe exílio e proteção, e lhe permitiu continuar produzindo as excelentes obras cinematográficas que hoje ganham prêmios por toda parte. Confesso que essa história me causa as mesmas náuseas que senti quando mergulhei, há meio século, nas páginas putrefactas de Bagatelles pour Un Massacre. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK
Na fronteira entre o gênio e o monstro
Intelectuais brasileiros se dividem quanto à forma de encarar os panfletos produzidos pelo escritor no auge do nazismo
RAQUEL COZER - O Estado de S.Paulo
Oescritor Milton Hatoum morava em Paris, no início dos anos 80, quando a obra de Louis-Ferdinand Céline passou por uma espécie de resgate, relançada com pompas após décadas de obscuridade. Na ocasião, imprensa e crítica foram unânimes em apontá-lo como um dos maiores autores em língua francesa. "A obra dele demorou a ser reavaliada após a 2.ª Guerra", comenta. Foi com surpresa que o colunista do Estado acompanhou a atual rejeição ao romancista por parte de seus conterrâneos devido à militância antissemita. Hatoum arrisca uma análise: "A visão das artes mudou muito na França. As pessoas estão menos interessadas em literatura; a discussão ficou simplista."
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