Tu Bishvat (o décimo quinto dia do mês de Shvat) - O Ano Novo para as Árvores - data dos tempos talmúdicos. É um dos quatro "anos novos" do calendário judaico - sendo Rosh Hashaná e Nissan (o primeiro mês) os dois mais proeminentes. (O primeiro de Elul é o ano novo sob o aspecto de pagar o dízimo sobre os animais). O Talmud vê Tu Bishvat como o novo ano sob o aspecto de certas leis da agricultura que estão relacionadas com pagar o dízimo. Com o passar do tempo, Tu Bishvat tornou-se uma festividade menor ao invés de apenas um evento no calendário judaico.
O que acontece exatamente nesta data para torná-la um "novo ano"?
A explicação mais comum dos rabinos é que o fruto das árvores começa a se formar. A maioria das chuvas de inverno já caíram, e a seiva das árvores já surgiu. Há um debate no Talmud (Rosh HaShaná 14 a) sobre se esta mudança na natureza deveria ser marcada no primeiro ou no décimo quinto dia de Shvat
De qualquer modo, Tu Bishvat era visto como um precursor da primavera.
Depois do exílio dos judeus de Israel, Tu Bishvat também se tornou um dia no qual nós comemoramos a nossa conexão com Eretz Israel. Durante muito da história judaica, a única observância deste dia era a prática de comer frutas associadas com a terra de Israel. Uma tradição baseada em Deuteronômio 8:8 afirma que há cinco frutas e dois grãos associados com ela como "uma terra de trigo e cevada, de vinhas, figos e romãs, uma terra de oliveiras e mel". (O mel a que se refere este versículo é o mel das tâmaras e não de abelhas). As amendôas também tinham um lugar proeminente nas refeições de Tu Bishvat já que acreditava-se que as amendoeiras fossem as primeiras árvores a florescerem em Israel. Apesar de que não esteja mencionado no versículo de Deuteronômio, a alfarroba era a fruta mais popular a ser usada, já que poderia sobreviver à longa viagem desde Israel para as comunidades judaicas da Europa, do norte da África, etc.
No século XX, devido ao crescimento do Sionismo e então com a fundação do Estado de Israel, a associação de Tu Bishvat com a terra de Israel ganhou ainda mais signficado. Em Israel o dia é celebrado com cerimônias de plantio de árvores feitas pelas crianças das escolas. Na Diáspora, crianças e adultos doam dinheiro ao Fundo Nacional Judaico para plantar árvores em Israel.
Em Israel desde muito cedo, as crianças são motivadas ao plantio de árvores e ao cuidado com a terra |
Tu Bishvat é visto pela tradição como tendo o mesmo significado para as árvores que Rosh Hashaná tem para os seres humanos, ou seja, como um ano novo e um dia de julgamento. De acordo com esta tradição, em Tu Bishvat Deus decide quão frutíferas as árvores serão no ano vindouro.
Uma visão cabalística
Os cabalistas levaram esta ligação entre Tu Bishvat e RoshHashaná um passo adiante. Para eles, árvores eram um símbolo de seres humanos, como está escrito: "um ser humano é como a árvore do campo" (Deut. 20:19).
De acordo com a preocupação geral deles de Tikun Olam - de reparar o mundo espiritualmente - os cabalistas viam o fato de comer uma variedade de frutas em Tu Bishvat como uma maneira de melhorar o nosso ser espiritual. Mais especificamente, eles acreditavam que comer frutas era uma maneira de expiar o pecado original - comer do fruto da Árvore do Conhecimento no Jardim do Éden.
Similarmente, árvores eram o símbolo da Árvore da Vida, que leva a bondade e a bênção divina ao mundo. Para encorajar esta corrente e para efetuar Tikun Olam, os cabalistas de Safed (século XVI) criaram um seder de Tu Bishvat a exemplo do seder de Pessach.
Ele envolvia beber quatro copos de vinho e comer várias frutas diferentes enquanto se recitava os versículos apropriados
Fonte: site da Comunidade Shalom de São Paulo
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